segunda-feira, 15 de agosto de 2011

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO – SEDE DE SANTA LUZIA DO ITANHI

No dia 05 de agosto de 2011, como havíamos agendado com os participantes do Plano de Gestão Participativa do Turismo, nos encontramos para realizar mais um diagnóstico participativo, dessa vez na própria sede do município de Santa Luzia do Itanhi. Antes de iniciarmos a visita, nos reunimos para preencher as tabelas de hierarquização de alguns atrativos já visitados e também, para discorrer sobre o roteiro que faríamos naquele dia.


Fachada do casarão da Fazenda Castelo.

 









José Francisco relatando a história da fazenda.
Vista da fazenda desde a varanda do antigo casarão.

O segundo local visitado para a realização do diagnóstico participativo foi a Igreja de Santa Luzia do Itanhi, localizada no alto de uma pequena colina, logo na entrada do município. Importante atrativo turístico e cultural por ter sido berço católico do estado, foi nesta igreja em que o padre Gaspar Lourenço celebrou a primeira missa de Sergipe, em 1575. Conversamos com o padre da paróquia há três anos e meio, Genivaldo dos Santos, que relatou detalhes sobre o santuário, no qual a princípio era denominado de Igreja São Tomé. Ao ser questionado pela consultora Gabriela Nicolau sobre as características originais que a igreja ainda mantêm desde a sua construção, ele aponta para as paredes de 1 metro e meio de largura, afirmando que estas são as únicas propriedades originais restantes na igreja. O telhado e o piso foram substituídos algumas vezes, assim como o altar, que hoje é uma réplica do original. Todas as imagens (santas e santos) datadas do séculos XVIII, trazidas pelos fundadores do município de Santa Luzia, foram saqueadas ao longo dos anos. Por requerimento do padre, o IPHAN realizou visitas à igreja para análise de uma possível parceria, porém não houve interesse, uma vez que foi constatado que a igreja foi completamente descaracterizada. Apesar de todos esses obstáculos, o Igreja de Santa Luzia tem uma significativa representatividade, levando em consideração a sua acessível localização e a sua história, que - assim como aconteceu com a maior parte da sua estrutura física - nunca poderá ser substituída.













Caminhando em direção à Igreja de Santa Luzia do Itanhi.









Marco que representa a importância histórica e religiosa do atrativo.



O primeiro atrativo visitado foi a Fazenda Castelo, propriedade na qual não conseguimos adentrar durante as visitas aos engenhos de Santa Luzia (no dia 30 de junho) por não termos a devida autorização. Dessa vez, no entanto, contatamos antecipadamente o proprietário, o Sr. Raimundo Juliano, e ao explicarmos o relevante motivo da visitação, a nossa entrada foi permitida. Além dos participantes do workshop, também esteve presente conosco o Secretário Municipal de Finanças e historiador, Ednei Santos, que passou a nos relatar interessantes fatos sobre a história da fazenda e de Santa Luzia do Itanhi desde o início da nossa visita. Fomos recebidos pelo gerente da Fazenda Castelo, o Sr. José Francisco, que explicou o motivo da restrição da entrada no antigo casarão: preservar o imóvel e os objetos de grande estima histórico guardados em seu interior. A boa conservação do local é observada desde a área externa da fazenda - onde se pode avistar as chaminés do antigo engenho de açúcar – até o interior do casarão. Fomos comunicados que fotografias não seriam permitidas no local, já que os proprietários prezam pela privacidade dos itens pessoais da família encontrados ali. A antiga casa impressiona pela fascinante arquitetura, enormes e detalhadas pinturas em diversas paredes dos salões e móveis dos séculos XVIII e XIX encontrados em quase todos os cômodos. Enquanto caminhávamos pelos extensos corredores do casarão, o Sr. José Francisco nos relatava a exímia história da fazenda, cuja foi construída na encosta de uma elevação voltada para o vale do rio Ariquitiba, que cobreja ao norte da cidade de Santa Luzia do Itanhi, e possui um dos conjuntos arquitetônicos mais preservados da memória açucareira sergipana. Fomos informados que o Sr. Raimundo Juliano, tem interesse em abrir as portas da Fazenda Castelo para o turismo – inclusive, já existe um projeto concluído para a construção de um Museu do Engenho, assim como uma área que denominada “Fazenda Ecológica”, com bangalôs e ampla área de lazer para os visitantes – porém, o mesmo alega que só executará o projeto quando o Governo do Estado passar a investir com mais vigor no desenvolvimento do turismo na região sul sergipana.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

OFICINAS DE MOBILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO DE TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA (TBC) E WORKSHOP DE ROTEIRIZAÇÃO EM ESTÂNCIA

No início do mês de julho, a secretaria de turismo de Estância – através da diretora de turismo, Manuela Brasil – organizou a comunidade convidando líderes comunitários e agentes do trade turístico para as oficinas de sensibilização e mobiliação do Turismo de Base Comunitária, que aconteceram nos dias 26 e 28 de julho, das 09h00 às 12h00, no Sebrae de Estância.

No dia 26 de julho foram passadas noções iniciais de turismo, de turismo de base comunitária (TBC), de sustentabilidade e segmentação turística. Este primeiro dia de sensbilização e mobilização contou com a participação de líderes comunitários dos povoados Muculanduba e Farnaval, entre eles, artesãos, proprietários de hotéis e pousadas, além dos secretários de Turismo, Luiz Carlos dos Santos e de Cultura, Juventude e Desporto, Aurenitha Morgana.

No dia 28 de julho foram passadas as diretrizes do TBC e as formas como este tipo de turismo se inserem no macroprograma do Ministério do Turismo, o Programa de Regionalização do Turismo (PRT). Diante do interesse e da disponibilidade dos participantes em seguir adiante, decidimos avançar para a etapa de workshops de roteirização em Estância. Definimos então que voltaríamos a nos encontrar no dia 04 de agosto, na parte da manhã e da tarde.

Oficinas de sensibilização e mobilização realizadas na sede do SEBRAE em Estância.


Pela manhã foi realizada uma dinâmica de grupo com os presentes, a fim de levantar as forças, oportunidades, ameaças e fraquezas existentes no município para o desenvolvimento do turismo. Os principais atrativos turísticos foram, assim, levantados: Lagoa dos Tambaquis, festas juninas, praias, casarões históricos e artesanato local. Em seguida, os principais pontos fracos foram apontados: necessidade de mais segurança e limpeza, melhorias na infraestrutura das praias e acesso aos povoados, manutenção do patrimônio arquitetônico local, entre outros.

Por volta do meio dia, a convite da Secretaria de Turismo de Estância, fomos almoçar no X-PTO, ou “X”, como é chamado este importante restaurante de Estância, que guarda lembranças de um cliente ilustre, o escritor baiano Jorge Amado, que deixou registrado numa placa seu apreço pelo local. A comida caseira e bem temperada foi elogiada por todos. Às 14h00 voltamos ao SEBRAE, onde foi apresentada aos participantes a ficha de hierarquização de atrativos turísticos utilizada pela OMT e o Ministério do Turismo. Para aprender a preenchê-la, utilizamos o Restaurante X-PTO, pontuando com uma escala de 0 a 3 cada um dos itens da ficha.

Restaurante XPTO, visitado e avaliado pelos participantes do workshop de roteirização.


No final do workshop, definimos o dia 12 de agosto, próxima sexta-feira, para realizarmos o primeiro diagnóstico participativo de Estância. Definimos que os atrativos visitados – organizados no que chamamos de Roteiro Praias – serão o povoado Farnaval, onde estão a praia e o mangue, uma mangueira de 200 anos e o restaurante de Maria José Santos Rodrigues (que nos oferecerá pastéis de aratu). Visitaremos ainda as praias do Saco, do Abaís e a lagoa dos Tambaquis. Neste dia, definiremos o segundo dia de diagnóstico, o Roteiro Histórico-Cultural, que contemplará o centro histórico da cidade, a Fábrica Santa Cruz, o Porto d’Areia, o Centro de Artesanato. Se a visita ocorrer como planejada, terminaremos este dia dançando ao som da Batucada, já que a chefe do grupo, dona Josefa Maria Santos de Assunção, tem participado ativamente das oficinas e workshops realizados no Sebrae e ministradas pela consultora em Turismo de Base Comunitária, Gabriela Nicolau.

DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO NOS POVOADOS PAU TORTO, SÃO JOSÉ E PRIAPU.

No dia 22 de julho os diagnósticos participativos foram retomados, depois de três semanas de intervalo. Neste intervalo, aos participantes do workshop de roteirização, que aconteceu no dia 01/07, foi solicitado o preenchimento da ficha de hierarquização com cinco atrativos existentes no entorno ou no município de Santa Luzia.

Como vem acontecendo, nos encontramos às 9h em frente à Secretaria de Educação e Cultura de Santa Luzia. O diagnóstico participativo do dia 22 de julho contemplou o que chamamos “Roteiro Agroturístico”, cujos atrativos se encontram concentrados nos povoados Pau Torto I e II, São José e Priapu, situados a proximadamente 10 km da sede de Santa Luzia.

O ônibus utilizado por nós, cedido pela Secretaria de Educação e Cultura de Santa Luzia, seguiu direto para o Sítio Ebenezer, localizado no povoado Pau Torto II. A visita por esta propriedade foi conduzida pelo proprietário e participante das duas etapas do Plano, o agricultor familiar José Robério de Jesus Sousa. Ao entrarmos em sua propriedade, já em meio ao cultivo de laranjas, ele nos apresentou técnicas orgânicas que emprega para proteger sua plantação e meio ambiente em geral. Em sua propriedade o agricultor cultiva laranjeira, banana, cocos, manga, hortaliças, mandioca, batata doce, inhame, entre outros.

Ao fundo, o proprietário José Robério mostra as mudas destinadas ao reflorestamento do seu sítio.


Perto da área de cultivo, além da casa onde moram os pais de José Robério, há três casinhas que, segundo revelou o agricultor, poderão ser destinadas à hospedagem domiciliar, caso a propriedade venha a ser explorada turisticamente. Perto das pequenas casas há um rio - que em determinados pontos chega a até 1 metro de largura – que servirá também de atrativo turístico aos futuros visitantes.


Casas do sítio Ebenezer que poderão ser adaptadas e utilizadas para hospedagem domiciliar.


Passando o estreito rio que divide a propriedade do agricultor, fizemos um trilha de vinte minutos margeando o rio em meio à mata; uma trilha agradável, de baixo impacto, que poderia ser utilizada como opção ao visitante da propriedade Ebenezer. Cabe ressaltar que a trilha se encontra em propriedade particular, por isso devemos procurar seu proprietário a fim de averiguar a possibilidade de uso turístico da mesma.

Terminada a trilha voltamos ao ônibus e fomos conhecer a nascente do rio, que já se encontra no povoado Priapu. Verificamos que a mesma se encontra em local de difícil acesso e não pôde ser avistada por conta da vegetação alta que a encobre no momento.

Por volta do meio dia fomos almoçar na casa de Dona Rosa, uma conhecida cozinheira da região, situado no povoado São José. Ela e o seu marido foram receptivos e nos trataram muito bem. O cardápio apresentado por Dona Rosa, que incluía desde arroz, salada, feijão de corda, frango ao molho pardo, galinha caipira, farofa, carne assada a sucos naturais de graviola e laranja e sobremesas como doce de banana e doce de leite, foi elogiada por todo o grupo. Analisamos que trata-se de um local que merece ser inserido no roteiro.

O diversificado cardápio de comida caseira oferecido por Dona Rosa.


Depois de uma pequena pausa fomos visitar a casa grande do antigo Engenho São José, uma casa histórica de onde pode-se avistar uma chaminé que sinaliza os tempos de plantio de açúcar. A casa que é citada como Associação Comunitária do povoado, se encontra em estado precário e, aparentemente, sem utilização. Caso seja restaurada, poderá ser utilizada como um atrativo histórico, uma sede para comercialização de produtos artesanais e agropecuários e inclusive, como meio de hospedagem.

Por volta das 14h30 fomos visitar a Cachaçaria Reserva do Barão, situada no povoado Priapu. A cachaça artesanalmente produzida aí e comercializada em todo o pais e inclusive importada para outros países. Nesta visita podemos percorrer compartimentos distintos nos quais a cana de açúcar e transformada em cachaça. O compartimento onde dezenas de tonéis são reservados por cerca de oito anos encanta e emociona os visitantes. Ao final, vemos como a cachaça é engarrafada e como finalmente se encontra para ser comercializada. Nos dias de produção, entre os meses de setembro e janeiro, o proprietário possibilita que o visitante deguste confortavelmente a cachaça. Por possuir apropriada infraestrutura, o local pode ser apontado como um dos atrativos do roteiro que será criado pelo Plano.

Gilton Silva apresenta a etapa de engarrafamento da cachaça Reserva do Barão.

Terminada a visita à cachaçaria, voltamos ao ônibus e fomos visitar a horta orgânica de Priapu, onde se produz tomate, cenoura, quiabo, batata, repolho, alface, entre outros produtos orgânicos. A horta é administrada por quatro mulheres, entre elas Solange dos Santos e Maria Amália Fiel, que nos explicaram como se dá o processo de plantação, colheita e venda de tudo que é produzido por elas. O principal consumidor desses produtos é a Prefeitura de Santa Luzia do Itanhi, que destina estes alimentos às escolas municipais, e a outra parte da produção é comercializada no próprio local.


Equipe visita hortas orgânicas de Priapu.

Com esta visita percebeu-se grande interesse dos agricultores da região em participar do Plano de Gestão Participativa do Turismo, cientes de que os mesmos necessitarão aperfeiçoar as condições de infraestrutura existentes para adequar-se à futura demanda de visitantes nas comunidades.